Os impactos provocados pela pandemia no mercado de trabalho vieram para ficar. A relação entre funcionário e empresa mudou e não apresenta sinais de que voltará a ser como antes. Já vimos que a flexibilidade do home office é algo muito valorizado pelos profissionais e as companhias também se beneficiaram em redução de gastos e até a produtividade maior de seus colaboradores. Porém, se ainda é cedo para dizer se o formato presencial ou home office vai dominar, já não é nenhum mistério que o formato híbrido já se consolidou. O Managing Director da Wyser no Brasil, Fábio Nogueira, respondeu algumas perguntas com as principais dúvidas de empresas e candidatos e como as duas partes podem se beneficiar com a popularização deste regime de trabalho. Confira!
O trabalho híbrido deve se tornar padrão nas empresas nos próximos anos?
Parte das empresas já estava em um processo de compreender que o profissional atual ou da nova geração valoriza muito o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Principalmente em grandes capitais, em que se perde muito tempo no deslocamento entre o escritório e a casa das pessoas, então, algumas empresas já começaram a investir nesse processo em um movimento pré-pandemia. Grande parte das empresas entendeu que é, sim, possível encontrar esse equilíbrio promovendo o ambiente e dando oportunidade para esses profissionais trabalharem de casa para investir esse tempo que seria perdido em deslocamento em desenvolvimento pessoal ou ficar próximo da família. Mas, a verdade é que grande parte das empresas tem percebido uma necessidade muito forte em investir em cultura, porque à distância é mais difícil trabalhar a missão, visão e valores e que, mesmo com contato constante com o time via plataformas digitais, há perdas de troca de ideias durante os cafezinhos com pessoas de outras áreas.
Haverá um vencedor entre regime 100% presencial ou o regime 100% home office?
Podemos analisar os dois lados: o lado da empresa e o lado do colaborador. Empresas que perderam produtividade e resultados ou sentiram distanciamento da cultura, do engajamento e comprometimento do time vão, muito provavelmente, pedir para que os profissionais retornem porque entenderam que a falta da rotina do dia a dia, a falta de interação com o time, da criatividade e inovação, pode ter sido influenciada com essa nova realidade. Em compensação, há empresas que perceberam ganho de produtividade e resultados ou maior economia por não precisar de grandes escritórios. A Gi Group, por exemplo, que teve ótimos resultados no ano passado mesmo com o time em casa desde o dia 16 de março e, até hoje, os resultados são muito positivos. Empresas e serviços sentiram que é possível manter um time comercial e de execução parcialmente ou 100% em casa. Em bancos e empresas digitais e de tecnologia, já havia o costume de ter os profissionais em casa, então são empresas que já progrediram ou vão progredir para ONLINE. Do lado do colaborador, a mesma realidade se aplica. Os que moram em uma casa pequena ou com dificuldades de encontrar cômodos para fazer uma ligação ou trabalhar com concentração por morar com parentes, têm dificuldades para ter uma rotina e, provavelmente, irão decidir retornar para o escritório assim que for possível. Por outro lado, as pessoas que se sentiram mais produtiva e com mais liberdade vão preferir ficar em casa.
Quais benefícios gestores e colaboradores terão com a adoção permanente do trabalho híbrido?
Um dos principais benefícios para os colaboradores é a maior flexibilidade, por exemplo, em dias que for necessária concentração absoluta, é possível ficar em casa e se dedicar para aquele trabalho específico que demanda e quando tiver reuniões presenciais com a equipe é interessante ir para o escritório para ter trocas de forma mais efetiva com os times. É uma maior flexibilidade de organização, de tempo, equilíbrio entre vida pessoal e profissional por não ter o deslocamento entre casa e escritório e nível de felicidade maior. Para os gestores, é ter profissionais mais felizes e, profissionais mais felizes são mais produtivos. Isso para mim é fundamental.
Algum dos lados será mais beneficiado que o outro?
Os dois lados serão beneficiados. Profissionais felizes são mais produtivos e permanecem mais tempo na empresa. Muitas empresas não calculam o custo indireto de trazer, desenvolver e reter novos colaboradores, caso esses eventualmente saiam. É um investimento atrair, treinar, mostrar o dia a dia, a cultura. Ter pessoas que ficam mais tempo na empresa, não na zona de conforto, mas em constante desenvolvimento dentro das empresas e ter pessoas mais felizes vai ser, com certeza, muito bom para os gestores e, naturalmente, para os colaborares ter essa flexibilidade por ter mais tempo com a família, para fazer cursos, ir à academia etc.
Quais pontos de atenção gestores devem se atentar a partir de agora com a adoção do trabalho híbrido?
Praticamente todas as empresas que vão adotar o trabalho híbrido já estão 100% home office tiveram o aprendizado nesses últimos 15 meses. É um aprendizado contínuo, no dia a dia. Posso ressaltar um deles, talvez o maior ponto de atenção neste momento, é a perda da cultura pelo colaborador. O colaborador está há um ano e três meses afastado do escritório, do trabalho em equipe presencial, e isso pode gerar uma desconexão com a missão e os valores da empresa, com aquilo que a empresa acredita: pra onde a gente vai, como a gente vai, etc. Ponto de atenção é esse, focar na cultura da empresa e nos valores. É um ponto crucial para os líderes de RH.
Qualquer empresa pode se beneficiar com o trabalho híbrido, sendo pequena, média ou de grande porte?
Não é o tamanho da empresa que qualifica se haverá ou não benefício no trabalho híbrido. A relação de confiança que é estabelecida é entre líder e liderado, é a transparência das dificuldades, com as melhorias dos processos, e assim por diante. Mesmo que seja uma empresa com dois, três ou dez colaboradores ou uma grande multinacional com dezenas de fábricas e escritórios, todos podem ser beneficiados se houver respeito às opções de cada um. Respeito e transparência.
Pode ser que algumas empresas se saiam melhor. Existem startups que trabalham sem RH (estruturado estratégico), então particularmente, não vejo essa questão de forma tão latente. O que eu vejo é que a relação de confiança, a transparência e o respeito entre líder e liderado, independentemente de qual seja, acho que é necessário ter abertura para dizer se é melhor trabalhar de casa ou não e compreender que as pessoas são diferentes. Algumas vão se dar bem de uma forma, outras de outra. E as pessoas também entenderem que existe uma percepção da companhia de maneira geral sobre os colaboradores, uma visão sobre equipes. A grande maioria das empresas vai compreender que o trabalho híbrido é o mais equilibrado porque você consegue ter os momentos dentro do escritório para estimular colaboração e trabalho em equipe, inovação e criatividade, com uma mescla com o trabalho dentro de casa que gera benefícios para o profissional ter mais tempo porque não se desloca.
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