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Published 3 fevereiro 2021 - in artigos-e-noticias

Representatividade feminina em áreas técnicas é lacuna em empresas de vários segmentos

“The higher you go, the fewer women there are.” – Wangari Maathai.

Ações para garantir a equidade de gênero estão se tornando um dos investimentos mais importantes das grandes empresas. Em um contexto onde a inovação é condição de sustentabilidade para as empresas, garantir um ambiente diverso é investir no seu próprio negócio para gerar retorno com equipes mais engajadas, com diferentes e inovadores insights, vieses e soluções. Já falamos como a Gi Group promove estes pilares por meio do seu programa de diversidade e inclusão.

Com a chegada da Economia 4.0 e a busca pela automatização de processos, não resta dúvidas de que o talento humano será o maior diferencial competitivo no mundo corporativo e, criar um ambiente diverso que promova o encontro de backgrounds distintos, por sua vez, será a principal estratégia neste sentido.

Entretanto, quando falamos em diversidade, é preciso ter em mente que algumas barreiras são estruturais já que culturalmente somos levados a nos comportarmos de determinadas maneiras, como é o caso da falta de mulheres em posições de liderança, especialmente, em áreas técnicas.

Mulheres em cargos técnicos

Segundo o IBGE (2017), as mulheres representam 43,4% da população economicamente ativa. No entanto, de acordo com esta mesma instituição, ocupam apenas 39,1% das posições gerenciais. Quando olhamos para áreas técnicas como Produção, Manutenção, Logística, entre outras que são predominantemente ocupadas por homens, torna-se ainda mais desafiador atingir os indicadores de gênero.

Quando avaliamos esse indicador pelo segmento das empresas, notamos que as indústrias mais pesadas estão ainda mais atrasadas neste quesito. Os segmentos de Petróleo e Energia possuem o pior indicador, com apenas 20% das entrevistadas relatando ser comum mulheres em posições de liderança. Já no setor de FMCG (Fast Moving Consumer Goods, ou “produtos de giro rápido”), esse percentual sobe para 55%.

Quando questionadas quanto à existência de programas de diversidade, 79% das entrevistadas alegaram não existir nenhum programa ou existir algo ainda muito embrionário. Neste quesito, novamente o setor de FMCG apresenta os melhores indicadores, com 37% das entrevistadas relatando existir um programa robusto de diversidade nas empresas em que atuam. Em segundo lugar está o segmento de Metais e Mineração, com 22% das entrevistadas declarando existir iniciativas mais estruturadas para o tema.

A formação das mulheres em cargos de liderança técnicos

No que tange a formação das entrevistadas, 75% são engenheiras, o que nos mostra que este é um requisito importante para assumir uma posição de liderança, em áreas consideradas técnicas. De acordo com os dados do Censo Educacional Superior – INEP, em 2003, as mulheres representavam apenas 20,1% dos alunos nos cursos de Engenharia. Em 2017, segundo ainda os dados no INEP que mostram os percentuais por gênero nos 20 cursos mais concorridos, esse índice subiu para 25,3% (média dos três cursos de engenharia mais procurados).

Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (2018), as mulheres representam apenas 14% dos profissionais registrados. Os estados com os melhores índices estão no Norte do país: Roraima (28%), Acre (22%) Amapá e Pará (21%). Considerando que a economia da região é baseada na Mineração, Agropecuária e Indústria, tais indicadores parecem refletir a cultura local, na qual as mulheres são mais propensas a escolherem carreiras que conversem com essas atividades produtivas.

Questões culturais afetam desde a escolha da graduação que reflete no mercado inteiro

Com base neste estudo, no que tange a representatividade feminina na liderança de áreas técnicas, nota-se que quanto mais “engenheiradas” são essas empresas, maior o grau de dificuldade encontrado. Ao olharmos o comportamento educacional das mulheres, é possível sugerir que se trata de uma questão cultural já que, ao que parece, os meninos são desde cedo mais incentivados a estudarem engenharia do que as meninas.

As empresas que levantam esta bandeira poderiam desenvolver ações específicas com alunas da educação básica, para que elas conheçam a profissão antes de definirem sua carreira.

De outra parte, é preciso acelerar o investimento no desenvolvimento de carreira das mulheres, para que não só as que estão em fase de escolha vislumbrem na Engenharia uma possibilidade de ascensão profissional, como também aquelas que já estão inseridas no mercado de trabalho se sintam reconhecidas e valorizadas. Isso porque, 87% das entrevistadas afirmam estarem abertas a novos desafios e oportunidades de desenvolvimento.

Invista no seu programa de equidade de gênero

Se ainda há dúvidas quanto aos benefícios de se investir na equidade de gênero, 90% das entrevistadas relatam se sentirem ouvidas e respeitadas em suas posições, o que denota que, a despeito de todos os paradigmas existentes, quando esta oportunidade lhes são dadas, as expectativas são atingidas e a credibilidade e confiança surgem como consequência.

Além disso, as empresas premiadas no Great Place to Work Mulher 2019 tiveram um aumento de 12,2% no faturamento em relação às outras, o que significa que investir na carreira das mulheres, através de políticas inclusivas, impacta positivamente não só na sociedade, como também no resultado financeiro das empresas.

Pesquisa realizada por Carolina Soares com o apoio de Amandha Perez.

Carolina Soares é psicóloga, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FVG. Tem mais de 15 anos de experiência em Recrutamento e Seleção, com foco em gestão de equipes e grandes projetos.  Atualmente, é Manager da Wyser no Rio de Janeiro, conduzindo projetos de Recrutamento e Seleção para posições de média e alta gerência.

Amandha Perez é graduanda em Psicologia, possui dois anos de experiência em recrutamento e seleção. Atua como Recruiter na Wyser de São Paulo.